Por onde andam teus poemas,
As rimas dos teus poemas,
as musas dos teus poemas,
e os lábios que falam poemas?
Estão todos sufocados
pelo soluço dos inocentes,
estão todos trancados
por fora, por dentro,
calados,
como gazelas,
assustados,
espiando o mundo pelas frestas das janelas.
Teus poemas viraram manchetes de jornais,
artigos de revista,
pintura surrealista
em decadência,
pendurada nos umbrais das portas,
nos muros pichados,
com o sangue da violência.
Eras um só poema,
na face de tua gente, bonita, faceira,
“sem fadiga, sem canseira”,
na lua cheia,
que passeia
por entre montanhas e vales,
nas ruas tão bem traçadas,
na tua paisagem roceira.
Busco inspiração nas lágrimas
que escorrem em cada rosto,
no gemido solitário de mães,
no desgosto
de ver nossa cidade,
pacata e serena,
ser inundada de dor,
dor que “não cabe nesse poema”.
Maria Helena Hespanhol